quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A importância da inovação para a sobrevivência das organizações

O processo estratégico de inovação é muito mais que o desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços. Envolve a criação de novos modelos de negócios, novas formas de atender necessidades dos consumidores, novos processos organizacionais, novos meios de competir e cooperar no ambiente empresarial. 

A importância da inovação, de uma maneira geral, é percebida como essencial para a sobrevivência num cenário cada vez mais competitivo e globalizado, entretanto poucas empresas exercem algum tipo de iniciativa para colocá-la em prática. Existem duas causas para que isto não ocorra com tanta freqüência: a visão ultrapassada sobre inovação e desconhecimento de ferramentas que ajudam colocá-la em prática. 

Moysés Simantob, professor da FGV, co-fundador e coordenador doFórum de Inovação da FGV, conta nesta entrevista para a FNQ em Revista mais detalhes sobre inovação.

Penso inovação como uma mudança que gera um padrão de desempenho novo ou superior para a empresa e estratégia como a capacidade de alinhar esforços de um time para a implementação de uma iniciativa. A inovação como estratégia central da empresa orienta investimentos, define o foco de pesquisas e de novos desenvolvimentos a partir do ponto de vista do mercado. A intenção da inovação é a criação de valor para o negócio, enquanto a estratégia ordena e disciplina as condições necessárias para se chegar lá. Vejamos hoje o que ocorre com empresas que estão liderando mercados, a inovação está no DNA, se manifesta tanto em áreas técnicas como em áreas de relacionamento com clientes. Se a inovação é estratégia da empresa não importa onde ela se origina, se vem estimulada de dentro ou de fora da empresa, todos se sentem co-responsáveis em sustentar uma posição de líder e brigam por isso com afinco, dando o melhor de si, dotados com autonomia, paixão e imaginação em tudo que fazem. 
Qualquer um em que seja possível alterar o status quo, criar novas regras, questionar ortodoxias e convenções, romper com o pensamento vigente em busca de novos pontos de vista. Classicamente há muitas tipologias em que a inovação é classificada. Nós do Fórum de Inovação da FGV, gostamos de trabalhar com aquela que nomeia inovações de produto/serviço, processo, gestão e conceito de negócio, onde a inovação tecnológica é subjacente a todas as anteriores, uma vez que se pode notar tanto tecnologias aplicadas a produtos e serviços (com tecnologia de telefonia móvel para serviços financeiros), quanto para automação de processos (com sistemas integrados de gestão). 
Em nosso segundo livro da série Organizações Inovadoras Sustentáveis , Prof. Barbieri e eu nos ativemos ao conceito da sustentabilidade.  Junto com vários outros autores e com o foco no estudo de caso da Embrapa questionamos: Mas o que é uma organização inovadora sustentável e qual sua importância econômica e social? Como transpor esse conceito para práticas gerenciais? E para que inovar? Encontrar respostas a questões centrais como essas nos pareceu relevante, sobretudo, no momento presente em que os problemas particulares das organizações não podem mais ser pensados em seus próprios contextos e precisam ser posicionados, cada vez mais, no contexto planetário. Dessa forma, uma agenda empresarial que contemple o chamado Triple bottom line, isto é, a destinação econômica aliada à socioambiental pela organização passa a gozar de maior aceitação e prestígio pelas boas práticas da governança corporativa e pelos preceitos da responsabilidade social à medida que as pressões sociais crescerem.  
Gerenciar riscos não é reduzir perdas em desenvolvimentos de projetos que podem não dar certo. Se a empresa pretende assegurar 100% de certeza de sucesso para um novo empreendimento, é melhor não iniciá-lo. Parte do processo de inovar está associada a descobertas imprevistas que advêm do próprio processo de empreender. O fracasso é parte do processo de aprendizado, que uma vez superado, abrevia o caminho para o sucesso.                           
Dependerá do contexto, do tipo de organização, da realidade de mercado, da maturidade, dos propósitos, das intenções, da cultura e de tantos outros fatores que envolvem a inovação. Genericamente falando, a dinâmica da inovação respeita uma certa disciplina, normalmente segue um processo formal, mas também pode ocorrer informalmente, cria uma certa sistematização de práticas, procedimentos, pressupostos que orienta o fluxo criativo, demandas de clientes e insigths por uma espécie de sistema de filtros, de tal forma que estes insigths, frutos de pesquisas, análises e tendências dêem condições de transformar idéias em experimentos, experimentos em oportunidades e estes em iniciativas-piloto, lançadas no mercado para efeito comercial. Se o resultado dessa dinâmica gerar valor para a organização pode-se dizer que se trata de uma dinâmica de inovação, caso contrário, será uma dinâmica apenas inventiva. O resultado é pressuposto da inovação.
O mantra organizacional é reduzir o tempo da fase de ideação para a fase de comercialização. Faz-se isso pelo conhecimento.  Ao acelerar o lançamento de novos produtos e serviços as empresas melhoram a pontaria e a assertividade em satisfazer necessidades de clientes não atendidos. A interação freqüente com o mercado aumenta a chance de inovações potenciais tornarem-se reais e o hábito em manter um fluxo contínuo de idéias provoca e mantém acesa a chama da cultura inovadora. A vantagem pela competição talvez possa ser alcançada pela expansão do saber. Visito organizações que detêm muito conhecimento, mas têm dificuldade em transformá-lo em riqueza. Ouvi certa vez que há dois tipos de informação de difícil uso: a informação em excesso e a escassez dela. Cabe às empresas dotar seu pessoal com a competência necessária para refletir, discernir e agir. 
Noto em alguns casos de empresas estudadas que existe uma causa, algo que mobiliza e engaja seres humanos em torno de um propósito comum. Alguns casos chegam perto de verdadeiros celeiros de deformação mental, outros estão mais aptos a dotar as pessoas de instrumentos necessários para cumprirem determinadas tarefas funcionais. Não são bons exemplos, mas existem. Os bons exemplos, evita os normóticos, instaurando espaços que tiram as pessoas da inércia e da atrofia cerebral. São organizações em que o prazer vem primeiro que o dever, a arte e a ciência convivem bem juntas, a colaboração e o respeito recíproco deram lugar à competição e à politicagem e a autonomia para fazer acontecer é celebrada.    
Conhecimento, mercado, aceitação e sorte. A vantagem da pioneira em inovação é chegar à frente dos concorrentes e assegurar uma condição de monopólio temporário, com o benefício de cobrar Premium price e assim auferir maior margem de lucratividade aos acionistas. Muitas indústrias se beneficiam dessa condição, mas não conseguem sustentar a posição por muito tempo. Vivem de um lançamento inovador que lhes garante boa margem e se esquecem de buscar contínuas inovações incrementais ou radicais que reinventariam as bases de competição para se manterem na frente. Há coisas interessantes acontecendo na órbita dos produtos, como oferta de crédito, garantias maiores, serviços e atendimentos que criam uma melhor experiência de compra. Enfim, seja qual for a posição adotada é preciso evitar os picos e vales de lucratividade, assegurando maior estabilidade aos processos empresariais.  

Uma inovação do tipo radical, que integrasse e pensasse ciência, tecnologia, inovação e educação em sua multidimensionalidade.

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